24 de dezembro de 2011

Os símbolos do Natal

Árvore de Natal

A árvore de Natal surgiu na Alemanha, no século XVI, mas pode ser que antes dessa época ela já existisse. Conta a tradição que a primeira árvore de Natal foi montada por Martinho Lutero, o fundador do protestantismo. Certa noite de inverno, poucos dias antes do Natal, Lutero passeava por um bosque de pinheiros. De repente, olhando para o céu, viu as estrelas que brilhavam entre os ramos das altas árvores, parecendo luzes de velas a cintilar na noite.
Lutero foi então pra casa levando um pinheirinho, e o enfeitou com pequenas velas acesas. Logo depois, no Natal de 1525, ele reuniu as crianças de sua cidade e lhes disse: "As velas no pinheirinho simbolizam as estrelas do céu, de onde o Menino Jesus veio para salvar o mundo."
Hoje a árvore de Natal é um símbolo de vida. No inverno rigoroso dos países do hemisfério norte, sob neve constante, as árvores perdem suas folhas. Somente o pinheiro - A verdadeira árvore de natal - permanece verde. Desse modo, a árvore de Natal representa a própria figura de Cristo, a verdadeira vida, Deus eterno em qualquer lugar e em qualquer tempo. Jesus é vida, a vida que vem a nós todos no Natal.


Coroa do Advento

A palavra "Advento" vem da expressão latina Ad venire e significa "o que há de vir".
O Advento é o período das quatro semanas antes do Natal e inicia o ano Litúrgico. Nesse período, os cristãos se preparam para o Natal, o nascimento do Menino Jesus. Para anunciar e celebrar esse período, costuma-se enfeitar os lares cristãos com a coroa do Advento: uma guirlanda verde, sinal de esperança e vida, enfeitada com uma fita vermelha que simboliza o amor de Deus por nós, ao enviar seu Filho como um presente para a humanidade.
Neste belo símbolo de Natal, há quatro velas, que devem ser acesas nos quatro domingos do Advento. No primeiro domingo, acende-se uma; no segundo, duas; no terceiro, três; e no quarto, as quatro velas da coroa. As velas simbolizam nossa fé em Jesus Cristo, a grande Luz que virá iluminar a todos.

Presépio

O Presépio é a representação da cena do ambiente em que Jesus nasceu. 
Entre todos os símbolos do Natal, o presépio é o mais significativo para a Igreja. O primeiro presépio foi montado por São Francisco de Assis, na cidade de Greccio, Itália, no Natal de 1223. A cena, representada com um boi e um burro verdadeiros, foi preparada na manjedoura cheia de fenos de uma estrebaria comum. Francisco, com muito carinhom chamou todos os habitantes da cidade, inclusive os religiosos, para que, na noite de Natal, estivessem presentes ao local humilde que tão bem relembrava o epiódio daquela bela e inesquecível noite: o nascimento de Jesus Cristo.
Antes dessa simples e comovente representação, porém, outras cerimônias já haviam se referido à cena do nascimento de Jesus. Em Roma, na basílica de Santa Maria Maggiore, durante a Idade Média (século VIII), o Papa costumava celebrar a Missa de Natal com uma manjedoura cheia de palha sobre o altar. E, no século XI, representava-se, em muitas Igrejas européias, o Officium pastorum: uma imagem do Menino Jesus era colocada atrás do altar onde se celebrava a Missa de Natal e cinco cantores, desempenhando o papel  de pastores, perguntavam ao sacerdote onde estava o Salvador recém-nascido; a imagem era então trazida por eles a frente do altar e , ao som de cânticos e hinos, todos se ajoelhavam em adoração.
A cena do presépio, em sua singeleza e simplicidade, faz com que nos lembremos dos ensinamentos e da doutrina de Jesus, cujos principais elementos são a humildade, a igualdade, a fraternidade, a fé, a esperança e, acima de tudo, o amor.


Papai Noel

Hoje, quando pensamos no Natal, pensamos logo na figura de Papai Noel. O ponto central, porém, dessa grande festa é o Menino Jesus e não o simpático velhinho, carregado de presentes.
Acredita-se que a orgiem de Papai Noel está ligada ao bispo São Nicolau, que viveu na Ásia Menor, na cidade de Mira, no século IV. Esse bispo era muito generoso e caridoso, sempre ajudava os necessitados e, na época do Natal, gostava de dar presentes especialmente para as crianças pobres, deixando-lhes brinquedos enquanto dormiam.
O verdadeiro simbolismo da figura de Papai Noel é, sem dúvida, a generosidade, o desprendimento e, mais ainda, a alegria de dar presentes para comemorar, todos os anos, o aniversário de Jesus.

Fonte: Símbolos do Natal - Natália Maccari
edições Paulinas, 1996.

21 de dezembro de 2011

Maria, mãe.


Há coisas nesta vida que simplesmente não se pode explicar. A razão de nos tornarmos amigos justamente de uma pessoa em especial e não de outra, o porquê de alguém escolher passar toda uma vida dedicada a um ideal de doação ao próximo, desinteressadamente; o motivo de sempre chover nos feriados prolongados... A vida é cheia de espantos e de coisas incompreensíveis.
Entretanto, de todos esses mistérios que nos rodeiam, o sentimento materno é um dos maiores, sem dúvida. Como explicar que um ser humano possa trazer outro dentro de si ao longo de nove meses, alimentando-o de si mesmo e, depois, ser capaz de até mesmo entregar-se à morte por aquele a quem deu a vida? Bom, haverão de desfiar múltiplas razões fisiológicas, tentando decompor infinitamente a maravilha da vida que gera vida. O seu conhecimento mais profundo e completo, no entanto, somente a mulher grávida saberá, porque, de fato, coisas há que não se explica, mas se vive.
As mães são portadoras de um mistério divino. Em seu ventre levam o dom de serem participantes da ação criadora de Deus.  Não é por acaso que a Sagrada Escritura, mais de uma vez, compara as atitudes de Deus às das mães. “Vós sereis amamentados e ao colo carregados e afagados com carícias; como a mãe consola o filho, em Sião vou consolar-vos”. (Is 66, 12-13) “Fui eu quem ensinou Efraim a caminhar, eu os tomei pelos braços! Com laços de amor eu os atraía, eu era para eles como os que levantam uma criancinha contra seu rosto, eu me inclinava para ele e o alimentava.” (Cf. Os 11, 4). A maternidade tem algo de divino, de co-criador.
No livro do Gênesis vemos a mulher ser chamada “auxiliar” pela boca de Deus (Cf. Gn 2, 18). Infelizmente acostumamos demais nossos ouvidos a esta palavra, esvaziando-lhe o sentido mais rico, empregado pela Escritura. Deus é chamado “auxílio” no livro dos Salmos (Cf. Sl 69 (70)), de modo que “auxiliar” não é usado aí como um termo de menor importância para designar a mulher. Pelo contrário, eleva-se a sua dignidade como que dando-lhe cores divinas: Deus age com amor de mãe, incondicionalmente. Que outra comparação mais condizente com a nossa realidade poderia ser usada para designar o Deus-Amor? É a mãe que é capaz de passar noites em claro ao lado da cama do filho doente. Que mesmo quando o filho perde-se na vida, continua a amá-lo tanto quanto antes, senão mais. Se existe um ser que possa definir a misericórdia, esse ser é a mulher que se torna mãe em plenitude, porque deixa de viver para si e passa a viver para aquele que gera, para o outro.
Celebrar o nascimento de Jesus neste mês de dezembro leva-nos, muito naturalmente, a contemplar Maria, figura materna mais emblemática da história da salvação. Emociona aproximar-se deste mistério que é Deus Altíssimo, cujo nome era sequer pronunciado, fazer-se homem, participando de nossa vida cotidiana. O filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905-1980), notadamente ateu, certa vez escreveu a alguns padres, a quem admirava, a respeito do Natal. Comovia-lhe a beleza que há na figura da mãe que carrega um Filho Deus ao colo. Assim escrevia: “A Virgem está pálida e olha para o menino. O que seria necessário pintar neste rosto é um encantamento ansioso que não apareceu senão uma vez sobre uma figura humana. Porque Cristo é o seu menino: a carne da sua carne, o fruto das suas entranhas. Cresceu nela durante nove meses e dar-lhe-á o seu seio (...) e, por momentos, a tentação é tão forte que ela esquece que ele é Deus. Aperta-o nos seus braços e diz: 'Meu pequenino.'
Mas noutros momentos ela suspende esse movimento e pensa: Deus está aqui. (...)
Penso que também há momentos, rápidos e fugidios, nos quais ela sente, ao mesmo tempo, que Cristo é seu filho e que ele é Deus. Ao olhar para ele, pensa: este Deus é meu menino. Esta carne divina é a minha carne. Ele é feito de mim, tem os meus olhos e esta forma da sua boca é a forma da minha. Parece-se comigo. Ele é Deus e parece-se comigo.
Nenhuma mulher teve, desse modo, o seu Deus só para ela, um Deus pequenino que se pode tomar nos braços e cobri-lo de beijos, um Deus quentinho que sorri e que respira, um Deus que se pode tocar e que ri! É num destes momentos que eu pintaria Maria, se fosse pintor."
Natal é, por excelência, a festa da fraternidade: Deus faz-se irmão. E isto é de uma beleza e força imensas, que atinge diretamente a nossa compreensão de quem é Deus. Ele não é apenas o Senhor dos Exércitos, o Deus Poderoso. Mas é também o Deus Menino, Deus envolto em fraldas... Isto é, Deus-Irmão. O Onipotente deixa-se manipular, faz-se dependente, precisa que lhe troquem as fraldas, que lhe deem banho, que o façam andar. E por que tudo isso? Para demonstrar seu amor que não conhece limites. E mais, para demonstrar como somos importantes ao seu olhar. Ao fazer-se semelhante a nós, nos ensina em seu corpo o que é compaixão. Nasce pobre, numa periferia, assumindo em si todos os preconceitos que conhecem aqueles que nascem pobres ou que são marginalizados por algum motivo. Ele compadece-se e coloca-se ao lado dos que sofrem, sempre, até a cruz, como quem diz: “Todo sofrimento conhecerá uma manhã de Ressurreição!” E é Maria quem nos aponta esse mistério.
Quando os magos do oriente apresentam-se trazendo seus presentes, encontram o menino “com Maria, sua mãe” (Mt 2,11). Oxalá neste Natal façamos o mesmo. Que procuremos a Jesus não entre as luzes esfuziantes do comércio ou dos excessos que se cometem nessa época, mas que o encontremos com sua Mãe, ou seja, lá onde o divino se encontra com o humano no maravilhoso acontecimento da Encarnação. Que encontremos Jesus no encontro com nosso semelhante. Que a luz desta festa nos faça cada vez mais humanos, compassivos, como Ele mesmo o é, para vivermos aqui a grandeza amorosa da sua divindade, Ele que assumiu a nossa humanidade.

Fernando Clemente, MSC.

11 de dezembro de 2011

3º domingo do Advento - O domingo da Alegria

 O tom da liturgia deste terceiro domingo do Advento é a alegria. A cor rosácea, usada como opção ao roxo, sinaliza para esta exultação que perpassa toda a liturgia hodierna. “Alegrai-vos!” – diz São Paulo na segunda leitura; “Canta de alegria, rejubila, alegra-te e exulta de todo o coração” - convida o Profeta Sofonias na primeira; “Exultai cantando alegres” – exorta o Salmo de meditação.
Mas, qual o motivo de tamanha alegria? Para um cristão, para alguém responsável, e realmente consciente, é possível alegrar-se, quando há tanta dor no mundo, tanto fracasso, tristeza, solidão e morte? Alegrar-se num mundo assim, não seria uma insuportável falta de solidariedade, uma falta de compaixão para com quem sofre e geme? E, no entanto, a Palavra santa insiste: Alegrai-vos! Mas, “alegrai-vos sempre no Senhor!” Eis o modo de alegrar-se, no Senhor, porque ele pode sustentar nossa existência, ele pode dar  sentido às nossas dores e nos consolar depois da pena! E a Palavra santa prossegue: “Alegrai-vos: o Senhor está perto”. O motivo da nossa alegria é a certeza que Deus não nos abandonou, a convicção que ele é um Deus presente e que no seu Filho Jesus, ele veio pessoalmente ao nosso encontro. Então, irmãos, alegrai-vos, pois ainda que haja tantas realidades dolorosas e sombrias, o Senhor está perto com seu amor, sua misericórdia, sua salvação. E o nome dessa salvação é Jesus! 
Já no Antigo Testamento, Deus consolava o seu povo, sustentava-lhe a esperança, prometia-lhe uma bênção no futuro. Ele mesmo haveria de ser essa bênção, um Deus no meio de sua gente, um Deus próximo: “O rei de Israel é o Senhor, ele está no meio de ti, nunca mais temerás o mal. O Senhor, teu Deus, está no meio de ti, o valente guerreiro que te salva!” Israel nunca poderia imaginar que essas palavras haveriam de cumprir-se ao pé da letra. Como Deus poderia vir habitar pessoalmente no meio do seu povo, se ele é o Infinito, Santo e abarca tudo quanto existe no céu e na terra? Para nós, cristãos, no entanto, de modo maravilhoso, esta promessa cumpriu-se em Jesus: ele é o Deus-conosco, Deus entre nós, Deus para nós, Deus como nós: com nosso semblante e com nossos gestos! Ninguém poderia imaginar algo assim! A surpresa foi tanta, é tanta, que Santo Irineu exclamava, a respeito de Cristo: “Ele trouxe toda a novidade quando se trouxe a si mesmo!” Por isso São Paulo nos convida a que nos alegremos no Senhor; não em qualquer alegria! Somente no Senhor que se dá a nós, a nossa alegria pode ser autêntica, porque brota da certeza que não estamos sós, que o pecado e a morte foram vencidos!  
Alegrai-vos, pois, mas na alegria de saber que, mesmo com tanta dor e sofrimento no mundo, o amor e a graça de Deus triunfam em Jesus Cristo. Alegremo-nos porque o Senhor está próximo: ele está próximo o seu Natal, ele está próximo no nosso cotidiano, ele está próximo na sua Vinda final... próximo, porque é urgente que nos decidamos por ele, que o acolhamos, que lhe abramos as portas do coração! 
Por isso, ao lado da alegria, o evangelho de hoje, ao apresentar-nos o ministério de João Batista, coloca-nos uma questão fundamental: “Que devemos fazer?” – é a questão de levar a sério o Cristo que vem; a questão de abrir espaço para ele na nossa vida, a questão de decidir-se realmente por ele! Como devemos viver para acolher sua vinda no dia-a-dia, para bem celebrar o seu Natal, para estar diante dele quando vier na sua glória? Que devemos fazer? A resposta somente pode ser uma: convertei-vos, abri vosso coração para que o Rei da glória possa entrar! Entrar no vosso modo de viver, entrar nas vossas opções, entrar no vosso coração, entrar em todas as dimensões da vossa existência! Não recebais em vão a graça de Deus, o dom do Cristo que nos vem sempre! Não torneis inútil a salvação que Cristo vos concedeu. 
É importante observar o apelo de João, o Batista, precursor do Messias. A cada grupo de pessoas que perguntavam o que fazer, o Batista responde de modo muito concreto, indicando uma direção a partir do modo de vida e da atividade de quem perguntava... e sempre relacionando com o respeito e o amor aos outros: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; quem tiver comida, faça o mesmo; não cobreis mais que o estabelecido; não tomeis à força dinheiro de ninguém; não façais falsa acusação”. 
            Ainda hoje este é o critério para acolher Jesus: um coração em disposto à conversão... e uma conversão que passe pelo relacionamento com os irmãos, sobretudo os mais necessitados. 
            Pois bem: “alegrai-vos no Senhor!” Que vossa alegria no Senhor que vem, vos faça bondosos para com todos, sem excluir ninguém, pois o Senhor a todos nos acolheu! Que vossa alegria no Senhor vos faça serenos ante os problemas e desafios do mundo e da vida! Que vossa alegria no Senhor guarde vossos corações e pensamentos em Cristo Jesus! 
            É isto que nos é pedido neste santo Advento! É esta a condição para um Natal verdadeiramente cristão, verdadeiramente no Senhor! 
            Ó Santo Emanuel, tu que assumiste nossa humana condição, tu que não te envergonhaste de ser um de nós, um como nós, um conosco, acolhe nossa súplica, alegra o nosso coração com a alegria da tua chegada... a mesma que alegrou a Virgem, a José, a João no ventre materno... a mesma que fez Isabel exultar e Zacarias cantar... a mesma que alegrou os pastores e o magos...
            Santo Emanuel, que nossa alegria esteja numa vida vivida na tua presença, fazendo a tua vontade, cumprindo o teu mandamento!
            Vem, Senhor Jesus, que precisamos de ti! Vem e renova o nosso coração e o coração do mundo... até a tua Vinda na glória. Amém.

D. Henrique Soares da Costa
Bispo Auxiliar de Aracaju